III
Chove docemente na cidade.
(Arthur Rimbaud.)
Chora no meu coração
Como chove na cidade;
Que languidez invade
Meu pobre coração?
Oh, doce som da chuva
No chão e no telhado!
Para vencer o enfado
Oh, o canto da chuva!
Um choro sem razão
Como chove na cidade;
Que languidez invade
Meu pobre coração?
Oh, doce som da chuva
No chão e no telhado!
Para vencer o enfado
Oh, o canto da chuva!
Um choro sem razão
Neste peito afrontado.
Quê? Não há traição?...
É luto sem razão.
Quê? Não há traição?...
É luto sem razão.
Não há pior desgosto
Que não saber porquê,
Sem ódio e sem amor,
Me invade este desgosto!
*
III
Il pleut doucement sur la ville.
(Arthur Rimbaud.)
Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville ;
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur ?
Ô bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits !
Pour un coeur qui s’ennuie
Ô le chant de la pluie !
Il pleure sans raison
Dans ce coeur qui s’écoeure.
Quoi ! nulle trahison ?…
Ce deuil est sans raison.
C’est bien la pire peine
De ne savoir pourquoi,
Sans amour et sans haine,
Mon coeur a tant de peine !