Não tarda a noite sobre o vale. As montanhas aconchegam-se já à sombra ténue. As veredas afadigam-se no sem destino de ligarem parte alguma a lugar nenhum. Cedo, toda a extensão se cobrirá de neve. Uma superfície para a desolação. Depois, virá o fogo. Em baixo, a ribeira canta exangue, amando a tristeza do seu curso lento. Um novo dia depois.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Todas as manhãs, o eremita ia à ermida com o seu machado. Mal o sol se erguia, abandonava a esteira, contava o rebanho e punha-se a caminho. O trilho seguia pela margem da ribeira, que ele subia a custo, dobrado ao peso do machado. Quando chegava, nunca se benzia. Ao bater na pedra, a estrutura abanava. No alto, a cruz quase cedia. Não gemia ao sentir as lascas que se desprendiam do trabalho cravarem-se-lhe na pele. Rezava. Depois descia, levava o rebanho a pastar.
sábado, 26 de dezembro de 2009
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