Huyes de ti para alcanzar verdades que no existieron nunca.
Hablas de un ave que atravesó tus sueños. Te engañas: tú, aun no siendo, eres su única realidad.
“La rosa es bella, ¿y para qué?”
Así son las preguntas prendidas de tus labios; las grandes, las inútiles preguntas.
“Ignorar para ver”, dices también.
Pero ¿qué ver? Tan sólo lograrás que la luz arda en tus ojos. Compréndelo:
no existe más que una palabra verdadera:
no.
*
Foges de ti para alcançar verdades que nunca existiram.
Falas de uma ave que atravessou os teus sonhos. Enganas-te: tu, ainda que não sendo, és a sua única realidade.
“A rosa é bela, e para quê?”
Assim são as perguntas suspensas dos teus lábios; as grandes, as inúteis perguntas.
“Ignorar para ver”, dizes também.
Mas, ver o quê? Conseguirás apenas que a luz arda nos teus olhos.
Compreende:
Só existe uma palavra verdadeira:
não.
Antonio Gamoneda,
de Canción Errónea, 2012.
- trad. minha
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