segunda-feira, 7 de março de 2011

Antonio Gamoneda (VI)

Mãe: quero esquecer
esta crença sem descanso. Ninguém
viu um coração habitado.
Porquê este pensamento irreparável,
esta crença sem descanso?

Estar desesperado,
estar quimicamente desesperado,
não é um destino nem uma verdade.
É horrível e simples
e mais do que a morte. Mãe:
dá-me as tuas mãos, lava
o meu coração, faz alguma coisa.

Antonio Gamoneda, Exentos I, 1959-60 e 2003.
- tradução minha -

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