É ele, o pão e o esquecimento;
água de juventude; sobrepõe-se
a toda a divisão. Um deus antigo
abre as veias no meu sangue e flui
até cansar o meu coração. O sumo
da serenidade ferve na minha boca;
sorvo o segredo com a língua, mas
mais me sorve ele a mim. Ramos tranquilos
vergam o mosto até aos meus lábios. Ele
usurpa a morte dos meus ossos. Fala
como um melro disperso e todo o bosque
abre os seus frutos e os mananciais
manam lentos em mim. Chorando porém.
Antonio Gamoneda
De Isentos II
Paixão do olhar
[1963-1970 e 2003]
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