Março já vai bem avançado. Somos sugados não sei para que
precipício. A nossa inacção não logra deter o mundo. Pelo contrário, sem sentirmos
a vertigem, tolhidos de anemia, praticamente afásicos, nem damos pela
aceleração. O Inverno teima em não ceder. Tem chovido o que deve e as abertas
são as esperadas. A tristeza e a solidão alastram como metástases. Sou este
despropósito. Gastei os sonhos e as aspirações. Perdi as obsessões. Despromovi
as paixões. Sou um ser deflaccionado. Já nada me entusiasma e já nada espero. A
inteligência regrediu, a memória minguou, o palato secou. Vulgarizei-me e não
sei viver vulgarmente. Estou só e não quero ninguém. Nada nem ninguém. Amanhã é
outro dia. Algo prossegue subterraneamente. Je est un autre.
domingo, 1 de junho de 2025
Março
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