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Amor
Abandona, Inês, a sórdida esperança:
o amor não serve para nós
porque o amor é um atributo de Deus.
Esquece-me:
a minha língua sabe a mulher,
a minha paixão prolifera no esquecimento,
os meus vícios são o vurmo da fé.
Pago-te como a uma rainha:
o ceptro da dor, o engaste do látego,
o vergão do êxtase,
a gema branca que deposito no teu cabelo
antes de partir.
Não é partilha, o amor,
e a morte assenta-te bem.